IMUNIZAÇÃO EM CRIANÇAS EM USO DE IMUNOSSUPRESSORES

O surgimento de inúmeros novos medicamentos para tratar as doenças reumatológicas  possibilitou o prolongamento da vida em condições variáveis de imunodepressão, aumentando o risco para contrair infecções.
As vacinas são aliadas na prevenção. Contudo, sua eficácia pode ser comprometida pelo grau de imunossupressão desencadeado pela doença de base ou pela utilização de drogas imunossupressoras durante o tratamento.
Pacientes imunodeprimidos não apresentam risco maior para eventos adversos ao receberem vacinas inativadas.

Aqui vão exemplos de vacinas inativadas:

Influenza

É recomendada a partir dos 6 meses de idade, de acordo com calendários SBIm para cada faixa etária.

Covid 19

É recomendado que seja feito 1 dose anual da vacina

Pneumocócicas

Recomenda-se vacinar o mais precocemente possível, a partir dos 2 meses de idade (número de doses dependerá da idade em que iniciar a vacinação).
Meningocócicas conjugadas (MenC ou MenACWY)
Sempre que possível, usar a vacina meningocócica conjugada ACWY.
Crianças e adolescentes: o calendários SBIm ajuda na orientação de quando ser feito de acordo com a faixa etária

Meningocócica B

Crianças menores de 2 anos: quatro doses, sendo três doses com intervalos de dois meses entre elas e uma dose de reforço seis meses após D3.
Crianças a partir dos 2 anos, adolescentes e adultos (até 50 anos): três doses, intervalos 0, 1-2 e 6 meses.
Recomenda-se uma dose de reforço um ano após o fim do esquema de doses básico para cada faixa etária. Reforços a cada três anos, enquanto durar o tratamento.

Hepatite A

Recomendar de acordo com os calendários SBIm para cada faixa etária

Hepatite B

Quatro doses: 0 – 1 – 2 – 6 meses, com o dobro do volume recomendado para a faixa etária.
Necessário solicitar a sorologia para hepatite B de 30 a 60 dias após a última dose do esquema. Considera-se imunizado se Anti HBs = ou >10 mUI/mL.
Se sorologia negativa, repetir o esquema vacinal de quatro doses com volume dobrado, uma única vez. SIM – nos CRIE

HPV

Duas vacinas estão disponíveis no Brasil, HPV4 e HPV9.
A SBIm recomenda, sempre que possível, o uso preferencial da vacina HPV9 e a revacinação daqueles anteriormente vacinados com HPV2 ou HPV4, com o intuito de ampliar a proteção para os tipos adicionais.
Esquema de três doses é obrigatório para imunossuprimidos, independente da idade.

Haemophilus influenzae b

Para crianças menores de 1 ano, ver o Calendário de vacinação SBIm criança.
Pessoas vacinadas na infância, mas que não receberam dose de reforço após os 12 meses de idade: uma dose.
Se imunodeprimidas, duas doses com intervalo de dois meses entre elas.
Crianças maiores de 1 ano e adolescentes não vacinados anteriormente: duas doses com intervalo de dois meses entre elas.

Vírus Sincicial Respiratório

A partir dos 60 anos recomendada para pessoas imunodeprimidas pelo risco de evolução grave ou descompensação, especialmente se fragilizadas, acamadas e/ou residentes em instituições de longa permanência.
Nirsevimabe: existem duas estratégias eficazes para proteção da criança contra infecção pelo VSR: a vacinação da gestante ou a administração do anticorpo monoclonal – Nirsevimabe – na criança.

Não recomendado para lactentes saudáveis < 12 meses cujas mães foram vacinadas contra VSR durante a gestação. Em alguns casos, as duas estratégias combinadas devem ser consideradas. Essas situações incluem: mãe imunodeprimida; mãe vacinada com menos de 14 dias antes do parto; recém nascido de alto risco (doença pulmonar crônica da prematuridade com necessidade de suporte médico, imunocomprometimento grave, fibrose cística, cardiopatias congênitas não corrigidas, Síndrome de Down).

Como o Nirsevimabe está no rol da ANS, tem cobertura pelos planos/convênios de saúde, para prematuros com IG <37 semana até 1 ano de idade entrando ou durante sua primeira temporada do VSR e para < de 2 anos de idade com doença pulmonar crônica da prematuridade (displasia broncopulmonar) ou com doença cardíaca congênita com repercussão hemodinâmica demonstrada.

Atenção especial ao vacinar para Pólio inativada e Tríplice bacteriana, será recomendado de acordo o calendário vacinal e se possivel dar preferência às vacinas acelulares.

 

—–VACINAS CONTRAINDICADAS—–

 

O paciente imunodeprimido é considerado de alto risco para as infecções imunopreveníveis e, portanto, todas as vacinas dos calendários de cada faixa etária estão altamente recomendadas para ele.
Algumas vacinas contraindicadas em vigência de imunossupressão grave podem ser aplicadas de preferência três a quatro semanas antes do início do tratamento: BCG, rotavírus, SCR (sarampo, caxumba e rubéola), SCR-V (sarampo, caxumba, rubéola e varicela), varicela, herpes zóster e febre amarela. Quando isso não é possível, intervalo mínimo de 15 dias precisa ser respeitado.

VACINAÇÃO DE CONVIVENTES DOMICILIARES

É altamente recomendada e deve seguir os calendários de vacinação para cada faixa etária. Os CRIE disponibilizam as vacinas influenza, varicela e SCR para conviventes suscetíveis de pacientes imunodeprimidos.

Importância da vacinação dos conviventes

A vacinação dos conviventes reduz os riscos de infecção para os portadores de doenças crônicas, principalmente no caso de imunodeprimidos para os quais a vacinação está contraindicada ou a eficácia da vacina está comprometida

*Exemplos de medicamentos imunossupressores: Corticoide (dependendo da dose), Metotrexato, Leflunomida, Micofenolato de mofetila, Azatioprina, Ciclofosfamida, Ciclosporina, Rituximabe, Infliximabe, Etanercepte, Adalimumabe, Golimumabe, Certolizumabe eTofacinibe

Fonte: Sociedade Brasileira de Imunizações

https://sbim.org.br/images/calend-vacinacao-pacientes-especiais-2025-250425.pdf_2025-04-29.pdf